Conferências
Abertura
Quarta-feira, 05/06
Para além do humano: ritmo, fluidez e território expressivo em Clarice Lispector
Maria Cristina Franco Ferraz (Rio de Janeiro, Brasil)
Humanos e outros-que-humanos constroem seus territórios a partir de gestos estéticos, expressivos. Questão de gosto, de ritmo, e não de mero utilitarismo ou de propriedade privada. Há mais de 50 anos, Clarice Lispector escreveu um texto criador de ritmos fluidos e marítimos sob o signo da água viva. A partir de uma leitura de Água viva (1973), iremos explorar esse texto extemporâneo em que imagens, estética e política se entrelaçam, fluindo ao encontro de vigorosas inflexões da filosofia contemporânea. Esse é o tema da conferência e do mais recente livro da professora Maria Cristina Franco Ferraz, Espirais do medo: como surfar turbilhões (2024). A publicação estará à venda na ocasião.
Maria Cristina Franco Ferraz é mestre em Letras (PUC-RJ), doutora em Filosofia pela Universidade de Paris I-Sorbonne, Visiting Scholar na Universidade de Paris 8-Vincennes-Saint-Denis (2023), realizou ainda estágios pós-doutorais em Berlim, nos anos de 2004, 2007 e 2010. É atualmente professora titular da UFRJ, pesquisadora do CNPq, e já foi professora visitante nas universidades Paris 8 e Perpignan (França), Richmond (EUA), Nova de Lisboa (Portugal) e Saint Andrews (Escócia). É autora dos livros: Nietzsche, o bufão dos deuses (com edições brasileiras de 1994 e 2017, e francesa de 1998), Platão: as artimanhas do fingimento (edições brasileira e portuguesa, publicadas respectivamente em 1999 e 2010), Nove variações sobre temas nietzschianos (2002), Homo deletabilis - corpo, percepção, esquecimento: do século XIX ao XXI (edições brasileira e francesa, publicadas respectivamente em 2010 e 2015), Ruminações: cultura letrada e dispersão hiperconectada (2015). Publicou ainda, em colaboração com Ericson Saint Clair, Para além de Black Mirror: estilhaços distópicos do presente (2020), e com Artur Seidel, traduziu e prefaciou a edição bilíngue do ensaio de Kleist “Sobre a fabricação gradativa de pensamentos durante a fala” (2021).
Encerramento
Sexta-feira, 07/06
Tecnologia, imagem e epistemes: torções na arte e no pensamento
Mitsy Queiroz (Pernambuco, Brasil) + Giselle Beiguelman (São Paulo, Brasil)
Mitsy Queiroz e Giselle Beiguelman apresentarão um pouco de suas obras artísticas,
desenvolvidas paralelamente às atividades de pesquisa acadêmica. São artistas inquietxs e sintonizadxs com questões tão urgentes quanto necessárias, tais como sexualidade, corpo, racismo científico e algorítmico, cultura digital, tecnologia, inteligência artificial, memória, erro, materialidades, experimentação, temporalidades e cosmovisões afro-indígenas, colonialismo, entre outras. Seus trabalhos em fotografia, vídeo, instalação ou em formatos híbridos tangenciam problemáticas vitais ao cruzamento entre imagem, política e estética.
Esta conferência de encerramento será um encontro e troca de experiências e ideias dos artistas entre si e com o público.
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Giselle Beiguelman é artista e professora da FAU-USP. Pesquisa acervos e métodos de preservação de arquivos nato-digitais, arte e ativismo na cidade em rede e as estéticas da memória no século XXI. É coordenadora do Projeto Temático Fapesp Acervos Digitais e Pesquisa: arte, arquitetura e design e autora de Políticas da imagem: vigilância e resistência na dadosfera (2021; 2a ed. 2023) e Memória da amnésia: políticas do esquecimento (2019), entre outros. Suas obras artísticas integram acervos de museus no Brasil e no exterior, como Zentrum für Kunst und Medientechnologie e Jewish Museum Berlin (ambos na Alemanha), MAC-USP e Pinacoteca de São Paulo. Em seus projetos recentes investiga a construção do imaginário colonialista das artes e das ciências com recursos de Inteligência Artificial.Recebeu vários prêmios nacionais e internacionais. Entre seus projetos artísticos recentes destacam-se Botannica Tirannica (2022), (De)Composite Collections (2021), Monumento Nenhum e Chacina da Luz (2019) Odiolândia. Outros projetos relacionados a estes são as exposições individuais Cinema Lascado, Caixa Cultural (São Paulo/SP) e Quanto Pesa Uma Nuvem? no Galpão VB (São Paulo/SP). Participou das mostras coletivas Unplace (2015) da Fundação Calouste Gulbenkian (Portugal); da 3ª Bienal da Bahia, em 2014 (Salvador/BA); The Algorithmic Revolution (2004-2008) e NET_Condition (1999-2000) no Zentrum für Kunst und Medientechnologie (Alemanha) e da 25ª Bienal de São Paulo (2002). Foi curadora do premiado projeto demonumenta, de Arquinterface: a cidade expandida pelas redes na Galeria de Arte Digital do Sesi (São Paulo/SP) em 2015, e Tecnofagias (3ª Mostra de Arte Digital 3M) do Instituto Tomie Ohtake (São Paulo/SP) em 2012, entre outras exposições. Vive e trabalha em São Paulo.
Mitsy Queiroz é artista visual, pesquisador mestre em Artes Visuais (PPGAV/UFPE),
pedagogo e pescador, interessado no corpo a corpo com a fotografia e no mergulho em epistemologias e ontologias que se agitam à beira mar. Reflete em sua pesquisa de mestrado sobre o atravessamento do tempo em programações fotográficas que encarnam a experiência do corpo transgênero no mundo. Desde a condução metodológica do seu gesto fotográfico tem pensado as temporalidades curvas, a percepção de corporalidades em transformação e os encantamentos de uma cosmologia da pesca, criando um imaginário das águas para a colônia de pescadores do Pina através dos seus marcadores territoriais, saberes tradicionais, conjunto de técnicas e relação interespécie entre pescadores e peixes em parentesco, com foco no comportamento das espécies em migração. Coordena o programa educativo Laboratório de Investigação Artística: Corpas que quebram com 3 edições em parceria com instituições recifenses: Museu Murilo La Greca (2019), MAMAM (2021) e Galeria Maumau (2023). O programa aproxima pesquisas poéticas em tecnologias da imagem, explorando as potencialidades pedagógicas da produção de saberes da contemporaneidade, com recorte às epistemologias de corpos dissidentes que dentro da academia fogem à norma da construção do conhecimento colonial. Participou do projeto de residências artísticas SESC Confluências PE 2018-2019, das feiras SP- ARTE e SP-FOTO 2020 com o coletivo Nacional Trovoa, do programa Atos Modernos de comissionamento de obra pela Coleção Ivani e Jorge Yunes (Pinacoteca de São Paulo), desenvolvendo a pesquisa As Ilhas Alagadas do Pina (2022), cuja obra foi adquirida para o acervo da instituição. Também de maneira comissionada, desenvolveu a obra O relógio que trabalhava dentro d’água (2022) para o Solar dos Abacaxis (Rio de Janeiro/RJ). O trabalho integrou a exposição coletiva Raio a Raio MAM (Rio de Janeiro/RJ) e salões no MAMAM (Recife/PE) e Galeria Arte Plural (Recife/PE). Em 2023, foi artista convidado da Revista Propágulo (7ª edição e série Prelúdios das Imagem), participou da coletiva Me Aguente, na Galeria Boi (Recife/PE) e da residência Territórios Pina na Christal Galeria (Recife/PE), apresentando a obra O retorno do Camurim (2023). Atualmente se dedica ao projeto de pesquisa Nadadores do Mundo (2024), financiado pela Lei Paulo Gustavo através da Prefeitura da Cidade do Recife. Tem ainda, atuações em projetos audiovisuais: é diretor do curta experimental Primeiras Contrações (2021), co-diretor do documentário Bio Caboclo - Quem nasce estrela nunca para de brilhar (2022), e diretor de fotografia do doc-ficção Aracá (Abiniel Nascimento, 2021) e do documentário Paola (Ziel Karapotó, 2022).
**As conferências de abertura e encerramento serão realizadas na Fundação Joaquim
Nabuco - Rua Henrique Dias, 609, Derby (sala João Cardoso Ayres). Ambas terão início às 19h. Não é necessário fazer inscrição. A lotação estará sujeita à capacidade do espaço (50 lugares), de modo que salientamos a importância da pontualidade. As conferências contarão com intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras).